“Fala-se em desigualdade social quando, numa determinada sociedade, alguns grupos sociais se encontram em situações que se julgam mais vantajosas do que outras. Portanto, a desigualdade é uma diferença que os indivíduos e grupos sociais julgam segundo escalas de valor”.
Na história vários sociólogos como Rosseau, Marx e Durkheim tentaram dar uma definição para o termo desigualdade social. Mas ninguém melhor que as pessoas da sociedade ou grupos sociais que se encontram em situações menos vantajosas para saber de fato, na realidade e na prática o que significa o termo desigualdade social.
Coloco-me a pensar em nossos representantes públicos mais próximos (vereadores e prefeito) quando sobem aos palanques para discursar sobre má distribuição de renda no país, a pobreza ou a desigualdade social.
Será que o vereador que tem um salário mensal de R$9.000,00 e o prefeito que tem um salário de R$22.000,00 ao mês sabem o que é passar dificuldade por causa da má distribuição de renda? E olha que estamos falando aqui de passar dificuldade e não necessidade, porque este último já não vive mais, mas sobrevive.
Deve ser bacana sair com seu filho ou sua filha e ele ou ela ver alguma coisa na vitrine de uma loja de shopping ou de qualquer comércio que seja e pedir para você comprar; e você tirar um de seus cartões de crédito com limites sabe-se lá de quantos mil reais e comprar aquilo que lhe foi pedido. Ou quem sabe ainda seu cartão de débito e pagar a conta nas lojas do Pátio Savassi, BH Shopping ou Diamod Mall, uma vez que com toda certeza suas contas correntes têm saldo muito positivo para debitar na hora a compra de uma bolsa de grife, um terno, um sapato de couro de jacaré da Amazônia ameaçado de extinção, um carro para dar para a filha que acabou de “passar no exame de direção” e tudo mais que o dinheiro pode comprar. Deve dar uma sensação de prazer quase sexual saber que o dinheiro é capaz de comprar até algumas pessoas não é mesmo?!
É muito bacana nos anos de eleições discursarem nos palanques sobre o que sua gestão fez pela saúde pública, algo do tipo: construímos a UPA em nossa cidade, e quantas outras cidades queriam ter uma UPA e não tem! Nas audiências públicas sobre o transporte discursarem afirmando que a empresa de ônibus que atende nosso bairro é uma das melhores da região metropolitana, senão a melhor! Fizemos em nossa gestão as academias ao ar livre! Reformamos mais de 15 escolas municipais que estavam jogadas às traças! Inserimos mais de 300 famílias no programa bolsa família do município... blá, blá, blá...
Aí eu pergunto: o vereador ou prefeito quando passam mal, ou seus filhos, esposa, mãe ou qualquer outro parente vão para UPA da cidade que eles tanto se gabaram de ter construído? Claro que não! Eles vão é para o Hospital Life Center, Mater Dei em BH.
E quando suas esposas ou filhas vão ter filho ou neto, vão para a Santa Casa de Sabará para realizar o parto para depois ter uma mudinha plantada para cada criança que nasce na cidade? Nascer nesta cidade só se for por parteira, porque maternidade ou hospital não existe! E ainda tem coragem de dar entrevista para copiar um projeto de outra cidade para cada criança que nascer em Sabará ter uma muda plantada.
O vereador ou prefeito vão trabalhar ou voltar do trabalho no General Carneiro ou Sabará lotado, isto quando o motorista pára o ônibus para entrar?
Alguém já viu o William Borges, o Argemiro Ramos, o Maurílio Barbosa, o Pastor Valtair, o Ricardinho, Terezinha ou qualquer outro vereador malhando nas academias ao ar livre? Claro que não, eles são tão “ocupados” que não têm nem tempo para malhar. São na verdade ociosos! E se tivessem algum tempo para malhar, sem dúvida alguma vão à Academia Fórmula, Dida Training em BH!
E as escolas públicas reformadas? Será que seus filhos, netos, sobrinhos estudam na Escola Municipal Geraldo Feitosa, Escola Municipal Padre Sebastião Tirino ou ainda no Centro Infantil Creche General Carneiro? Penso que vocês sabem a resposta!
Gente será que o prefeito ou vereadores sabem o preço de um botijão de gás? Sabe quanto custa uma caixa de paracetamol? E a tarifa do ônibus 4987, 4988, 4610, 4665 ou da Vinscol? Acho que não né, afinal de contas eles têm um transporte público melhor que o nosso: os carros oficiais do município. Talvez não saibam nem o número das linhas que atendem nossos bairros.
Por fim vamos colocar outra situação: e no aniversário de algum deles: será que eles vão ao supermercado BH comprar massas para bolo VILMA e granulado colorido para fazer uma festinha e cantar os parabéns?
Isto é desigualdade social gente! Tentar sobreviver com um salário de R$622,00 ou até 1 salário e meio e fazer as contas para saber se as necessidades básicas serão supridas no próximo mês.
Mas temos um prefeito que quando foi “seqüestrado” estava com apenas 4 mil reais no bolso e falou ainda que não costuma guardar grande quantia de dinheiro em casa.
Alguém aí tem 4 mil reais no bolso?
O pior é que tem gente que ainda tem coragem de dizer: bem feito, quem mandou não estudar!
Espero que o prefeito ou qualquer vereador que ler este artigo não responda as perguntas aqui formuladas. Fica muito fácil depois de ler pesquisar e saber quanto custa um botijão de gás, ou o preço do paracetamol ou ainda o valor da tarifa do ônibus. Mas se alguém encontrar com algum deles por aí, faça estas perguntas de supetão e vejam quais serão as respostas.
Marcelo Gomes
Graduado em Filosofia
Pós Graduado em Gestão de Pessoas
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